Palavras

Palavras não deveriam ter significado. Este é sempre mitigado. Ninguém é responsável por nada. A verdade é uma piada. Pobre daquele que precisar pagar por qualquer besteira que falar. E mais pobre coitado daquele que acreditar. Amanhã ninguém já tem mais o mesmo pensar. Não existe equívoco. Existe visão posterior. E por haver uma posterior não quer dizer que a anterior seja inferior. As coisas simplesmente se transformam e isso em nada me incomoda. Na verdade, a cada vez que entrar no rio quero sentí-lo diferente. E se o sinto diferente como relatá-lo de forma igual? Como comprometer-me com o que fora dito no frisson sentido por uma água que me tocara e agora não toca mais? Tenho certeza que Heráclito me entenderia. Não temo em me contradizer, pois não há vínculo que me prenda ao que disse. Minha mente flui mais rápido que meus olhos estáticos conseguem demonstrar. Minhas palavras acompanham, meu discurso muda. Bem se sabe que a situação faz o ladrão. Se disse, falei. Não me importo, pois, mudo, mudei. Sou a mesma revestida de outra. Sempre transformando esta outra em mim. Sendo a todo custo quem sou. Mas, quem sou?

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