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Mostrando postagens de outubro, 2017

Cena se cria

Rio de Janeiro dos anos 20. 20 do terceiro milênio, não vamos tão longe. Eu já trabalhava com o Sr. Cevite. Sentada à mesa ao lado da sua, eu involuntariamente ouvia todas suas conversas ao telefone, que iam como essa: "Te vi esses dias, vamos marcar um almoço, mas você engordou, hein... vai ter que comer salada." Confesso que vez ou outra eu me via encurralada entre o riso e a indignação. Em momentos mais difíceis, eu o via conter-se ao sentir que se exaltaria, dava uma resposta mais incisiva e, logo, recompunha-se para vestir novamente o manto social, enquadrar-se àquele contexto polido, ainda que com pouco jeito. A verdade é que tratava-se de um autêntico ogro, um ser sem muitos escrúpulos que, feito bicho adestrado, aprendeu a se comportar, pelo menos o mínimo para enganar a um primeiro momento. Certa feita, estávamos em uma roda de café, dessas em que alguns executivos se reúnem para dois dedos de prosa, falar dos projetos e debochar dos outros. Era o momento em