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Mostrando postagens de março, 2013

Fluxo vespertino

Tardes são movidas por um fluxo (peço-lhes licença para uso de um neologismo) inconceituável. Pode-se delas dizer um espaço de tempo que se estende do fim da manhã até o início da noite, em que o sol está (ou não) no céu e cujo tempo passa (ou não) lentamente. E são tomadas por um marasmo incômodo, para alguns, ou por uma correria esgotante, para outros. Para mim, como já era de se esperar, vez que, por natureza, defino-me instável, nunca houve posicionamento claro no que tange à qual tipo de tarde gozam meus dias. Assim, deixo de lado esta análise que, em suma, nada acrescentará. E passo, pois, a tentar entender, não mais em abstrato, certa tarde concreta que me ocorrera. Não posso dizê-la atípica por não ter tardes típicas a me referenciarem, mas, adianto-lhes que esta em muito se diferenciou de todas as demais, por ter o decurso do tempo sido híbrido. O ponteiro do relógio vagarosamente ia se arrastando, e, por vezes, ainda que ciente da recente troca de pilhas feita por Michel,

É agora?

Quando somos jovens tudo é intensificado. Qualquer estado de espírito parece eterno e, de uma forma paradoxal, transforma-se tão rapidamente que a mudança parece não ter sequer ocorrido. E, assim, o novo estado coloca-se como o próximo eterno. Alguns dão-se conta de que a metamorfose é fator inarredável. Outros, com propriedade, orgulham-se do que dizem ser com tanta certeza. Não os julgo. É normal que sintamos ser o que estamos sendo. É normal que nem sequer façamos diferenciação entre ser e estar sendo. Mas, eis que vos digo, não somos aquilo que nos taxam ou aquilo que nos taxamos. Não estamos fadados a sê-lo para sempre, não há nada que vincule nosso destino. Não há que ter-se receio de tentar, errar ou apostar. Somos presenteados com o presente, recebendo chances novas todos os dias ao acordar. Quando não restar oportunidade alguma, não daremos conta, vez que teremos deixado de ser. Mas, enquanto somos, não há chance inesgotável ou futuro inalterável. O que há, por mais clichê qu