37 horas

Estamos no segundo dia. Do ocorrido faz menos que quarenta e oito horas. Este texto tem o fim como o de vários outros. Não só o fim enquanto objetivo, mas também o fim enquanto final. Vocês verão. Digo que verão porque enquanto transcrevo essas divagações, sinto que lhes transmito muito do que já conhecem de mim. Anos se passam e pessoas são substituídas, mas eu sigo sendo eu. Claro, há profundidades em mim que talvez eu ainda não conheça, mas de todos aqueles aspectos que já saltitaram antes, um por um é mantido. Todos os fragmentos de mim que me formam permanecem aqui. E aí se incluem meus erros. Estes, em forma de feito fora do parametrizado, muitas vezes tiveram um roteiro. Chego a arriscar que costumo sair de casa com esse roteiro pronto. Roteiro do erro. A verdade é que ele só leva esse nome porque traz em si algumas disparidades, mas, se querem saber, o gosto é de vida. Vida pulsante e viva. E nem preciso dizer que erraria novamente, se assim pudesse. Notem que, apesar das semelhanças de tudo que aqui falo não pela primeira vez, esta versão talvez esteja tomando um aspecto mais sincero e maduro, o que sequer programei. Também notem que não usei, até o momento, nenhum filósofo para me desculpar. Ou acabaram minhas fichas ou não estou buscando desculpas. Prometo desvendar este impasse até o desfecho, que, espero, chegue no momento certo. Lembro-me de ter ouvido dizer ainda ontem sobre como escritores às vezes não sabem a hora de parar e, por isso, ferram toda a obra. Inclusive, isso foi falado em uma analogia à vida e aos relacionamentos. Há que se saber quando parar. Nem sempre sei. Tenho um quê de continuidade em mim. Contudo, há também toda a conclusão obtida no meu Ensaio "Das Relações Interpessoais Transitórias", que bem considerava nossa necessidade de valermos de cada momento com o sujeito contraposto se, no primeiro acidente de contato visual, suas entranhas te dissessem algo a mais do que comumente dizem. Pois foi o que fiz, ora. Em seguida, observando inconscientemente o Ato II, provoquei o primeiro acidente de atrito. Logo, formou-se o que lá expliquei por extensas linhas, mas pode assim ser dito: explosão. PU-TA explosão. Corpos que não se continham e linhas que já não respeitavam os contornos que moralmente se obedece. Talvez mais validade meu Ensaio mereça, agora que o provei depois de escrito. Parti de diversas experiências para tecê-lo, mas é a primeira vez que eu o experimento inconscientemente depois de pronto. E posso afirmar com toda a certeza: minha conclusão chega a ser óbvia de tão real. Digo óbvia porque não pode, em hipótese alguma, ser de outra forma. Chega a desafiar a separação entre humanas, biológicas e exatas, confinando todas as matérias em uma só reação. Uma reação humana, biológica E exata. Aaaargh, quantas segundas-feiras já não perdi racionalizando reações tão compostas, tentando dissecá-las. Quem sabe quanto tempo perdido me seria economizado se eu apenas aceitasse as conclusões a que eu mesma cheguei? Pois bem. Conheço agora o final destas linhas. Sem mais delongas, volto a dar-lhes o que já conhecem de mim. Saio do estado letárgico e tomo impulso novamente, seja para viver outros acontecimentos ou, ao menos, outras pessoas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ode a sp

Fluxo vespertino

Perspectiva