Tardes são movidas por um fluxo (peço-lhes licença para uso de um neologismo) inconceituável. Pode-se delas dizer um espaço de tempo que se estende do fim da manhã até o início da noite, em que o sol está (ou não) no céu e cujo tempo passa (ou não) lentamente. E são tomadas por um marasmo incômodo, para alguns, ou por uma correria esgotante, para outros. Para mim, como já era de se esperar, vez que, por natureza, defino-me instável, nunca houve posicionamento claro no que tange à qual tipo de tarde gozam meus dias. Assim, deixo de lado esta análise que, em suma, nada acrescentará. E passo, pois, a tentar entender, não mais em abstrato, certa tarde concreta que me ocorrera. Não posso dizê-la atípica por não ter tardes típicas a me referenciarem, mas, adianto-lhes que esta em muito se diferenciou de todas as demais, por ter o decurso do tempo sido híbrido. O ponteiro do relógio vagarosamente ia se arrastando, e, por vezes, ainda que ciente da recente troca de pilhas feita por Michel,
dez/2014 jul/2021 aqui cresci vivi e morri algumas vezes descobri alegria, mas não escapei de uma ou outra apatia corri, ora numa tentativa de acelerar a chegada do futuro quando o presente podia estar amargo, ora numa tentativa de aproveitar os últimos momentos do presente quando ele já virava passado sp desafiou o decurso do tempo pra mim, fez alguns anos caberem em poucos meses e, paradoxalmente, me fez riscar cada dia do calendário como se um ano valesse ufa, sp, vc se livrou de mim e eu de vc, mas como diria o filósofo contemporâneo djonga, abre seu peito e vê se me escuta, eu te amo, sua filha da puta enfim, a efemeridade
dou-lhes o que já conhecem de mim frase que por repetidas vezes repeti tão familiar quanto meus jogos de palavras inúteis úteis mesmo são seu conforto pós formação uma vez inteiro conteúdo e contexto clímax resolutiva o alívio é imediato como uma panaceia de todos os males outra que da boca não me sai mas não notem os moldes os formatos que dão suporte ao que quero dizer hoje não é sobre isso é sobre o muito que de mim já conhecem e eu volto a me repetir mostro que minhas facetas em ciclos andam e se exibem a cada par de anos já aprendemos que não são meros meses há que se completar a volta ao sol umas duas vezes e aí então me reexibo como um pavão cheio de penas coloridas ou como um relógio que agora marca a hora certa levado ao conserto para aquele ponteiro errado sou isso um pote que guarda conserva às vezes acaba às vezes tá cheia ando cheia apimentada colorida sei que é cedo tal como uma conserva recém-feita pode ainda não estar boa mas já me si
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