O fim último como presente
Assim como Aristóteles, penso que a felicidade é o fim último que a vida humana, desde os primórdios, busca.
Indiscutível é que suas teorias deram base a muitas outras desenvolvidas no século XX. Entretanto, nascer alguns séculos mais tarde, atrevo-me dizer, lhe faria bem. Certamente, atingiria um nível inimaginável de perfeição no pensar. Faltou-lhe conhecer Darwin, admitamos.
Deixando de lado o escorregão do filósofo que, a propósito, é um dos meus favoritos ao trazer a ideia do homem moderado, passo a concentrar em seus acertos.
Tudo gira em torno desta incessante busca à felicidade. Para mim, definida como o sentimento mais inexplicável que ao homem pode ocorrer. Para ele, com um sentido diverso, motivo pelo qual sigo agora a meu modo de pensar.
Felicidade é sentimento, ora. O anseio para do mesmo desfrutar é tão intenso que sequer considera-se sua natureza. Como tal, é volátil. É estado de espírito. Vem e volta.
Não há momento na vida em que seja possível se dizer, em português, que se é feliz. Sequer em espanhol é possível. Há que ser dito 'estoy', e não, 'soy'.
Pode-se usar do disfarce do inglês ao fazer uso do verbo 'to be', mas, ao se traduzir, não se poderia adotar o primeiro sentido, mas sim, e somente sim, o segundo: estar.
O alemão também permite este truque, faça uso do 'sein', e diga 'ich bin glücklich', mas, entenda: você está.
Não pense que a análise é meramente gramatical. Digo nestas palavras, caso o nobre leitor ainda não tenha percebido, que não se encontrará, em um certo único momento da vida, um tesouro chamado felicidade, em que, ao tê-lo em mãos, seu corpo será coberto por um manto de magia e pó dourado, gotas de riso nos olhos, bondade no coração. Vivendo, assim, o resto de seus dias como quem sempre sonhou.
Não. Isto não ocorrerá. O motivo não é sua má-sorte. É a natureza da felicidade.
É normal que sintamos frustrados, putos, deprimidos, fracassados, falidos ou fodidos uma vez ou outra.
No entanto, é imprescindível que a busca, conforme eu e Aristóteles concordamos, seja constante. Para que, uma vez tomado por um sentimento ruim, passe-se a buscar sentir felicidade novamente. E quando alcançada, cada segundo seja desfrutado, sem temer o fim.
Este é o motor.
Tudo gira em torno dela. É quem dá sentido a vida, dá sentido a toda e qualquer atitude do homem. Não há um caminho já definido. É por isso que cada um toma o seu. E é também por isso que não se faz coerente criticarmos postura que não compreendemos ou não gostamos. Pois, nem todos estão no mesmo barco, mas, todos seguem ao mesmo porto.
Se alguns caminham se valendo de crenças, pois que o façam. Se outros enxergam diferente, pois que respeitem.
O que todos querem é sentir este não-colocável-em-palavras sentimento várias e repetidas vezes.
Pois, tudo que é bom dura pouco e acaba cedo. Se percebido enquanto um 'mood', melhor será desfrutado e menos se lamentará pelos baixos que, também legítimos, compõem a vida.
Indiscutível é que suas teorias deram base a muitas outras desenvolvidas no século XX. Entretanto, nascer alguns séculos mais tarde, atrevo-me dizer, lhe faria bem. Certamente, atingiria um nível inimaginável de perfeição no pensar. Faltou-lhe conhecer Darwin, admitamos.
Deixando de lado o escorregão do filósofo que, a propósito, é um dos meus favoritos ao trazer a ideia do homem moderado, passo a concentrar em seus acertos.
Tudo gira em torno desta incessante busca à felicidade. Para mim, definida como o sentimento mais inexplicável que ao homem pode ocorrer. Para ele, com um sentido diverso, motivo pelo qual sigo agora a meu modo de pensar.
Felicidade é sentimento, ora. O anseio para do mesmo desfrutar é tão intenso que sequer considera-se sua natureza. Como tal, é volátil. É estado de espírito. Vem e volta.
Não há momento na vida em que seja possível se dizer, em português, que se é feliz. Sequer em espanhol é possível. Há que ser dito 'estoy', e não, 'soy'.
Pode-se usar do disfarce do inglês ao fazer uso do verbo 'to be', mas, ao se traduzir, não se poderia adotar o primeiro sentido, mas sim, e somente sim, o segundo: estar.
O alemão também permite este truque, faça uso do 'sein', e diga 'ich bin glücklich', mas, entenda: você está.
Não pense que a análise é meramente gramatical. Digo nestas palavras, caso o nobre leitor ainda não tenha percebido, que não se encontrará, em um certo único momento da vida, um tesouro chamado felicidade, em que, ao tê-lo em mãos, seu corpo será coberto por um manto de magia e pó dourado, gotas de riso nos olhos, bondade no coração. Vivendo, assim, o resto de seus dias como quem sempre sonhou.
Não. Isto não ocorrerá. O motivo não é sua má-sorte. É a natureza da felicidade.
É normal que sintamos frustrados, putos, deprimidos, fracassados, falidos ou fodidos uma vez ou outra.
No entanto, é imprescindível que a busca, conforme eu e Aristóteles concordamos, seja constante. Para que, uma vez tomado por um sentimento ruim, passe-se a buscar sentir felicidade novamente. E quando alcançada, cada segundo seja desfrutado, sem temer o fim.
Este é o motor.
Tudo gira em torno dela. É quem dá sentido a vida, dá sentido a toda e qualquer atitude do homem. Não há um caminho já definido. É por isso que cada um toma o seu. E é também por isso que não se faz coerente criticarmos postura que não compreendemos ou não gostamos. Pois, nem todos estão no mesmo barco, mas, todos seguem ao mesmo porto.
Se alguns caminham se valendo de crenças, pois que o façam. Se outros enxergam diferente, pois que respeitem.
O que todos querem é sentir este não-colocável-em-palavras sentimento várias e repetidas vezes.
Pois, tudo que é bom dura pouco e acaba cedo. Se percebido enquanto um 'mood', melhor será desfrutado e menos se lamentará pelos baixos que, também legítimos, compõem a vida.
Belo texto. Acredito que, mais que Darwin, faltou a Aristóteles conhecer Freud, que, por outros caminhos e outras investigações, apontou quase o mesmo que ele - passamos (e devemos passar) a vida em busca da completude. A diferença crucial está na avaliação que ambos fazem do homem: Aristóteles põe na moderação um papel importante na busca da felicidade; Freud ao contrário, aponta a moderação como um dos muros que nos impede de ser feliz - ainda que ela deva ser mantida, para que a sociedade não entre em colapso.
ResponderExcluirQue massa, Kylmer. Obrigada pelos acréscimos.
ExcluirAinda há muito em Freud que quero ler. Depois me passe algumas sugestões.
Sem dúvidas! "O Mal-Estar na Cultura/Civilização" (dependendo da tradução) é um ótimo texto dele a respeito da sociedade. Mas, enfim, não foi bem a título de acréscimo, porque um acréscimo implica numa falta, e eu achei o texto impecável como está. :) Foi mais no sentido de uma articulação com a teoria psicanalítica mesmo, e pra exaltar a inteligência de Aristóteles, ainda na Antiguidade.
ExcluirFico muito satisfeita em saber.
ExcluirObrigada!! Vou procurar este texto, então.