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Mostrando postagens de novembro, 2016

Os ovos

Segunda-feira, meio dia. O sol estancava-se feito sangue no céu, enquanto o ar seco mesclava as cores do dia amarelado com a sujeira ramerrame do centro. Na escadaria da igreja principal, os mendigos se esticavam após o almoço de migalhas, uns rindo, outros agonizando. Verdadeira fotografia do cotidiano em seu mais genuíno aspecto. Desviava dos vendedores ambulantes, que se jogavam aos pedestres, tentando lhes empurrar qualquer bugiganga. Passou por uma senhora, de uns setenta e pouco anos, que lhe deu um sorriso e uma piscadela de olhos. Quis rir em retribuição à pobre velha, mas suas feições entristecidas não conseguiram demonstrar nenhuma reação. Sentiu-se mal pelo descaso que involuntariamente transmitiu.  Era de se culpar por qualquer besteira e naqueles últimos tempos vinha se culpando por tudo, desde a planta que deixou morrer na sua casa por esquecer de regar, até o jogo que não assistiu com a camisa de sempre e seu time perdeu. Nunca acreditara em sorte, mas se fosse para